Cerca de 60% dos 50 municípios mais procurados para arrendar casa situam-se nestes distritos, revelam dados do idealista/data.
As habitações para arrendar em Portugal têm vindo a tornar-se cada vez mais dispendiosas, com as rendas a aumentar significativamente mais do que os salários das famílias nos últimos anos. O cenário pouco se alterou em 2023: as rendas das casas continuaram a subir, embora a um ritmo mais lento, e, apesar do aumento na oferta de habitações para arrendamento, esta continua a ser insuficiente para satisfazer as necessidades da procura. Assim, aqueles que necessitam de arrendar casa em Portugal têm de encontrar formas de se adaptar ao atual contexto, que também é marcado pelo restrito poder de compra. Como estão a fazê-lo? Os dados do idealista/data revelam que 16 dos 20 concelhos mais procurados para arrendar casa no final de 2023 situam-se precisamente nas periferias de Lisboa e do Porto. No entanto, apresentam rendas medianas superiores a 800 euros mensais.
Não surpreendentemente, os 10 municípios mais procurados para arrendar casa em Portugal no último trimestre de 2023 estão localizados nas periferias de Lisboa, como demonstra a classificação elaborada pelo idealista/data, que inclui os 50 concelhos mais pesquisados com uma oferta de habitação neste mercado superior a 35 imóveis. O Barreiro, no distrito de Setúbal, destaca-se como o município mais procurado para arrendar uma habitação no final do ano passado, seguido da Amadora, Moita, Alenquer, Odivelas, Sintra e Vila Franca de Xira.
Expandindo o espectro para os 20 municípios preferidos para arrendar casa, torna-se evidente que 13 concelhos estão localizados nas periferias da capital (distritos de Lisboa, Setúbal e Santarém), três nas redondezas do Porto e dois no distrito de Faro. Enquanto aqueles que procuram viver perto da cidade Invicta têm preferência por arrendar casa em Gondomar, Valongo e Vila Nova de Gaia, aqueles interessados em viver no Algarve procuram mais casas no mercado de arrendamento de Albufeira e Silves, revelam os dados. O top 20 dos municípios mais procurados para arrendar casa completa-se com Vila Nova de Famalicão (na 11.ª posição) e Leiria (na 17.ª posição).
Embora as grandes cidades ofereçam mais oportunidades de emprego, transportes públicos e uma maior variedade de serviços de saúde e educação, além de uma dinâmica sociocultural mais intensa, que atrai não apenas os portugueses, mas também estrangeiros e nómadas digitais. Talvez seja por isso que 60% dos 50 municípios mais procurados para arrendar casa estão localizados nos distritos de Lisboa, Setúbal, Porto e Faro. No entanto, são principalmente as periferias destas grandes cidades que são mais procuradas pelas famílias, uma vez que o próprio município de Lisboa está entre os 25 concelhos menos pesquisados para arrendar casa (ocupando a 28.ª posição). O município de Setúbal é o 18.º mais procurado, enquanto Faro está na 23.ª posição e o concelho do Porto ocupa o fundo da lista (42.ª posição).
Porque há uma maior procura de casas nas periferias das grandes cidades? As famílias tendem a procurar casas para arrendar, principalmente, nos concelhos junto a Lisboa, onde as rendas são mais acessíveis do que na própria capital, embora continuem elevadas devido à procura intensa e à oferta estruturalmente escassa, apesar do aumento do stock de habitação no mercado de arrendamento em Portugal no final do ano passado.
É isso que indicam os dados do idealista/data: dos 10 municípios mais procurados para arrendar uma habitação, localizados nas periferias de Lisboa, sete apresentam rendas das casas entre as 25 mais baratas deste top 50. No entanto, as rendas nestes concelhos ultrapassam ainda os 850 euros mensais. O município com o mercado de arrendamento mais procurado, Barreiro (no distrito de Setúbal), é também o que oferece a renda mediana mais baixa deste top 10, nomeadamente 880 euros por mês.
Há exceções: embora Sintra, Almada e Loures estejam entre os dez concelhos mais procurados para arrendar casa, apresentam rendas medianas entre as 18 mais elevadas deste ranking que reúne 50 municípios. Por exemplo, arrendar casa em Sintra teve o custo mediano de 1.669 euros por mês no final de 2023, sendo este o 4.º valor mais elevado de todos.
Chama a atenção que entre os 20 municípios mais procurados para arrendamento, metade apresenta rendas mais acessíveis, ou seja, encontram-se na segunda metade da tabela. Isso indica uma tendência para procurar casas para arrendar junto à periferia da capital, bem como nas zonas limítrofes do Porto e do distrito de Faro, que possuem valores mais compatíveis com os rendimentos familiares - embora nem sempre seja possível.
Como seria de esperar, é precisamente no concelho de Lisboa onde se encontram as casas mais caras para arrendar (1.863 euros/mês), seguido de Oeiras (1.789 euros/mês) e do Funchal (1.703 euros/mês), indicam ainda os mesmos dados. Salta à vista também que alguns dos municípios com rendas mais elevadas, como Lisboa, Funchal, Palmela, Lagos, Sesimbra, Lagoa, Montijo ou Porto, estão entre os 25 menos procurados para arrendar casa.
O contrário também acontece: apesar de Covilhã, Figueira da Foz, Viseu, Coimbra e Barcelos apresentarem as rendas mais baixas de todas (inferiores a 850 euros/mês), continuaram a não ter uma procura elevada de casas para arrendar em comparação com outros municípios.
Metodologia: Calculámos o ranking dos municípios mais procurados durante o quarto trimestre de 2023, entre os que apresentaram uma oferta superior a 35 anúncios de casas para arrendar no idealista, o marketplace imobiliário do sul da Europa. Depois, foram também analisadas as rendas medianas dos 50 municípios mais procurados para arrendar casa em Portugal.
Utilizando os dados de comportamento dos utilizadores do idealista, recolhemos o indicador de pressão da procura relativa sobre a oferta. Este indicador baseia-se no número de ‘leads’ (contactos por email, apresentação de ofertas e imóveis guardados em favoritos) recebidos por anúncio no idealista. Por um lado, os ‘leads’ mostram a procura de habitação por parte dos utilizadores. Por outro lado, o número de anúncios mede a oferta habitacional disponível no portal. Desta forma, o indicador sintetiza a pressão da procura de casas para arrendar sobre a oferta em cada município de Portugal, servindo, assim, para medir situações de aquecimento ou arrefecimento do mercado quando a procura relativa é mais alta ou baixa, respetivamente.